terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

VERTICALIZAÇÃO INTENSA NO BAIRRO SAGRADA FAMILIA BH

Os efeitos da verticalização podem tornar BH uma cidade saturada

Paulo Henrique Lobato - Estado de Minas
Publicação: 06/02/2011 08:30 Atualização

Os efeitos da verticalização podem tornar Belo Horizonte uma cidade saturada e a capital corre o risco de não despertar mais o interesse de novos moradores e do ramo de negócios. A avaliação é do geógrafo Valnei Pereira, doutor em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em planejamento urbano pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “É o que chamamos de deseconomia de aglomeração. A saturação demográfica leva à diminuição da qualidade de vida dos centros urbanos, que passam a conviver com problemas de comunicação e apagões, entre outros”, afirma o especialista. Ele prefere não arriscar em quanto tempo BH poderá passar a conviver com esse risco. “Isso vai depender de como se dará a continuidade do processo de verticalização.”

A urbanização da capital mineira foi tema da tese de doutorado defendida pelo geógrafo. Segundo ele, a tendência de verticalização na cidade, que leva ao adensamento populacional em alguns bairros, se deve a dois fatores: “A inadequação da topografia limita as áreas de ocupação. Além disso, BH tem uma área muito pequena, se comparada a outras capitais, como Rio e São Paulo”.
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Segundo o Censo 2010, Belo Horizonte é a sexta cidade mais populosa do país, com 2,3 milhões de habitantes, atrás de São Paulo (11,2 milhões), Rio de Janeiro (6,3 milhões), Salvador (2,6 milhões), Brasília (2,5 milhões) e Fortaleza (2,4 milhões). No entanto, como tem apenas 331 quilômetros quadrados de extensão territorial, fica em terceiro lugar no ranking da densidade populacional (7.177 moradores por quilômetro quadrado). Com 315 quilômetros de área, Fortaleza lidera a lista (7.769 moradores por quilômetro quadrado), seguida de São Paulo (7.383 pessoas por cada um dos 1.523 quilômetros quadrados de área). Em quarto aparece o Rio de Janeiro (5.269 moradores por cada um dos 1.200 quilômetros de área), seguido de Salvador (3.862 pessoas por cada um dos 693 quilômetros quadrados de área) e Brasília (apenas 442 moradores em cada um dos 5.788 quilômetros de área).

Outro fator responsável pela verticalização são os ganhos imobiliários com a construção de muitos apartamentos no lugar de residências unifamiliares. “Isso leva à valorização de áreas novas, enquanto o Centro da cidade passa a sofrer com a degradação. Em Belo Horizonte, a Região Central começou a perder o caráter simbólico de centro econômico para a Savassi, a partir da década de 1970, e na década de 1990 para os bairros próximos à área conhecida como Seis Pistas, como Belvedere e Buritis”, explicou o geógrafo. Ele ressaltou que, como BH é uma cidade nova (113 anos), se comparada a Rio e São Paulo, a capital mineira passa por um processo de tombamento mais lento das residências unifamiliares. “Bairros como Floresta e Sagrada Família são exemplos de lugares onde se manteve a tradição das casas.”



Considerações:
O bairro Sagrada Familia BH também está sendo continuamente "degradado" pela verticalização, é notória a expansão imobiliária predatória. A quantidade de casas demolidas, prédios novos construídos e o número de imóveis à venda indigna os antigos moradores. O aumento populacional é visível e o aumento de veículos circulando também. Os efeitos também são percebidos devido a mudança no tráfego em algumas ruas do bairro.


2 comentários:

  1. Alguém está fazendo algo para conter esse aumento das construções? O que as associações de bairro pensam ou pronunciam a esse respeito? Alguém ouve falar nas associações de bairro do Sagrada Família? Por que ninguém toma alguma atitude?
    Parece que no bairro Santa Tereza a população e associações se mobilizam em defesa do bairro, e no nosso bairro, quem diz ou faz alguma coisa?
    Cidadão não pode rimar com omissão.

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  2. Gostaria de saber se quando o bairro ficar entupido de prédio e de gente, será "tão valorizado" quanto agora. Tenho certeza que dono de construtora mora em condomínio fechado e cheio de área verde e longe de prédios.

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